sexta-feira, 21 de setembro de 2007

O Cão, o Gato e o Destino.

Certa manhã ao acordar de sonhos tão sombrios quanto se pode ter, levantei-me e fui, muito alegremente, até a janela de minha casa. Abri. O céu estava escuro, pesado e as nuvens pairavam negras, baixas e opressoras no céu. Formavam imagens fantasmagóricas, reparei melhor e percebi que uma dessas nuvens formava a imagem de um grande cão negro, sinistro, que parecia me encarar. Nesse clima peguei meu punhal uma garrafa de rum e sai, a pé, de minha casa, temporaria com todas as minhas outras casas, sem rumo.
Caminhei por alguns minutos e durante o percurso percebi que um gato branco me seguia, odiava gatos, mas não ligei, ele pararia dentro de alguns metros, foi o que pensei. Ele não parou, e eu já não consegui mais tirar os olhos dele. Ele me perturbava, parei, o encarei nos olhos, e ele, parado, também me encarou. Eu o odiava, pelo menos naquele momento, mais do que tudo. Virei-me e continuei a caminhar, logo que me virei ele me atacou, mordendo minha perna. O jogei para longe e logo em seguido o segurei pelo pescoço, olhei para os olhos vermelhos da criatura e sem nenhuma piedade enfiei meu punhal arando-o um dos olhos. A criatura urrava de dor, não me comovi, odiava aquela criatura, tinha-lhe repugnância, queria que sofresse, tirei-lhe a pele, o enrolei num saco e o joguei no rio. Continuei a caminhada tranquilamente.
Estava escurecendo e precisava de uma nova casa. Avistei a uns cem metros uma mansão que parecia, estava, abandonada. Entrei, andei, subi as escadas e me deparei com um quarto de onde vinha uma luz. Fui até ela, que vinha de uma pedra ponte aguda, toquei-a e, como em um passe de mágica fui transportado para um outro lugar, um lugar onde tudo estava em chamas, as casas, as pessoas, e estas corriam e gritavam em quanto outras, altas e fortes vestidas com uma estranha capa vermelha corriam atrás delas com chicotes na mão. Seria o paraiso? Queria desesperadamente um chicote. Minha visão começou, por um motivo inexplicável, a embaçar e quando consegui abrir os olhos novamente havia voltado para aquele estranho quarto. Tentei me levantar, não consegui, comecei a me debater furiosamente contra o chão na tentativa de me levantar foi quando olhei pela janela e vi que o céu estava limpo e aquela grande nuvem agora tomara a forma de um grande gato branco que parecia sorrir. Acalmei-me, estava cansado, dei um sorriso pois havia entendido o que estava acontecendo. Sim, era uma vingança do destino, fechei os olhos e esperei ali, pela minha morte.

Um comentário:

Neal Cassady disse...

Pelo visto Edgar Allan Poe já o influenciou, não?
Com o gato preto enforcado...
Chame esse conto de o gato branco!
Ficou muito bom!
Um clima meio louco, sombrio, muito Poeano, realmente!
Parabéns!