sábado, 2 de fevereiro de 2008

Fluxo Interminável

Sempre tive certeza que morreria pela água. Refletindo, vejo como minha vida não passa de uma grande festa, corações abertos, bebidas e vinhos de todos os tipos. Hoje não foi diferente. Distraído, sentei em meu próprio colo, e o achei amargo e depois o ofendi gritando a plenos pulmões: amaldiçoado! Fugi, e ele também, mas em direções opostas. Estava temeroso, ó dor, ó miséria, ó fome, ó malditos, em tudo dependo de vocês, meus vícios!
Correndo encarnicado pelas ruas me deparo com a loucura e a faço perder os sentidos, com o ódio e faço ter ódio de si mesmo e me amar como a um rei, me deparo com o amor e faço com que me odeie.
Visto roupas selvagens e sujas como a de meus antecessores de raça inferior, malditos selvagens da arte da rapinagem, arte a qual sempre amei. Odeio qualquer tipo de trabalho ainda mais neste século onde a não na caneta e a mão na lixa valem a mesma coisa. Malito século de mãos!
Não sei para onde ir, não tenho casa e nem família mas tenho cede e meu sangue os impedem de me acolher. Respiro fundo e o vento queima meus pulmões mas sigo em frente indiferente e alienado à situação. Ao longe vejo a mim mesmo, estamos em cima de uma ponte, a escuridão ainda é pior do que essa luz fosca do luar, olho a olho e sem dizer nem uma palavra olhamos para baixo, e naquele momento vemos um fluxo interminável.