quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A Máscara

Um desespero profundo me incomoda
desde as raízes mais longuínquas de meu coração.
Ele próprio me incomoda.
Ele treme, está inquieto, indomável.
A razão não consegue mais controlá-lo
A razão agora está ao lado dele;
juntos me corroem por dentro,
mesmo ausentes.
Vivo viajando,
já passei pelos mais belos lugares,
e conheci as mais belas deusas,
deusas de todos os tipos mas,
nenhuma delas tão bela quanto
a dos olhos pretos e cabelos negros
na terra onde a vida parece eterna.
No exato momento que a vi
tive a sensação de estar subindo vertiginosamente para o nada,
um nada cheio de flores,
tranquilidade e paz, uma paz eterna.
Sentia uma felicidade estranha,
pois, só de ve-la meu coração se animava.
Estava encantado, alucinado e cego.
Fomos a um lugar singularmente agradável.
Tudo estava tão bom quanto poderia estar.
Foi quando virei-me, ouvi um barulho,
uma máscara havia caído
e o que era pura beleza se transformou
em algo de feiura devastadora e
de pura crueldade; tentei correr mas
já era tarde,
senti que havia perdido algo;
já não havia nada dentro do meu peito;
ela havia ido embora e levado-o consigo.
Fui tomado por uma cólera devastadora e
dentro de mim só o que sobrou foram
a raiva, o ódio, a solidão, a angústia, a tristeza
e desespero de me sentir, novamente, só.
Amor.
Vinícius.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

O Cão, o Gato e o Destino.

Certa manhã ao acordar de sonhos tão sombrios quanto se pode ter, levantei-me e fui, muito alegremente, até a janela de minha casa. Abri. O céu estava escuro, pesado e as nuvens pairavam negras, baixas e opressoras no céu. Formavam imagens fantasmagóricas, reparei melhor e percebi que uma dessas nuvens formava a imagem de um grande cão negro, sinistro, que parecia me encarar. Nesse clima peguei meu punhal uma garrafa de rum e sai, a pé, de minha casa, temporaria com todas as minhas outras casas, sem rumo.
Caminhei por alguns minutos e durante o percurso percebi que um gato branco me seguia, odiava gatos, mas não ligei, ele pararia dentro de alguns metros, foi o que pensei. Ele não parou, e eu já não consegui mais tirar os olhos dele. Ele me perturbava, parei, o encarei nos olhos, e ele, parado, também me encarou. Eu o odiava, pelo menos naquele momento, mais do que tudo. Virei-me e continuei a caminhar, logo que me virei ele me atacou, mordendo minha perna. O jogei para longe e logo em seguido o segurei pelo pescoço, olhei para os olhos vermelhos da criatura e sem nenhuma piedade enfiei meu punhal arando-o um dos olhos. A criatura urrava de dor, não me comovi, odiava aquela criatura, tinha-lhe repugnância, queria que sofresse, tirei-lhe a pele, o enrolei num saco e o joguei no rio. Continuei a caminhada tranquilamente.
Estava escurecendo e precisava de uma nova casa. Avistei a uns cem metros uma mansão que parecia, estava, abandonada. Entrei, andei, subi as escadas e me deparei com um quarto de onde vinha uma luz. Fui até ela, que vinha de uma pedra ponte aguda, toquei-a e, como em um passe de mágica fui transportado para um outro lugar, um lugar onde tudo estava em chamas, as casas, as pessoas, e estas corriam e gritavam em quanto outras, altas e fortes vestidas com uma estranha capa vermelha corriam atrás delas com chicotes na mão. Seria o paraiso? Queria desesperadamente um chicote. Minha visão começou, por um motivo inexplicável, a embaçar e quando consegui abrir os olhos novamente havia voltado para aquele estranho quarto. Tentei me levantar, não consegui, comecei a me debater furiosamente contra o chão na tentativa de me levantar foi quando olhei pela janela e vi que o céu estava limpo e aquela grande nuvem agora tomara a forma de um grande gato branco que parecia sorrir. Acalmei-me, estava cansado, dei um sorriso pois havia entendido o que estava acontecendo. Sim, era uma vingança do destino, fechei os olhos e esperei ali, pela minha morte.

sábado, 15 de setembro de 2007

O Anjo Loiro

Um deserto assola meu espirito
e um vacuo me persegue
se formando dentro do meu peito.
Não sei bem o que é
esse sentimento me joga no mais longíquo poço.
Sonho.
Nos meus sonho
sou rei dos gramados,
mestre na arte mais querida,
o grande salvador.
E o que me é mais importante
vejo todos os dias,
está do meu lado,
é um anjo,
de olhos azuis,
pele branca
e fios tão numerosos,
dourados e esvoaçantes,
perto dele flutuo
na mais alta nuvem.
Acordo.
Volto a realidade
e voltam comigo
todos aqueles sentimentos
Sei que viver sonhando
e se esquecer de viver só aumenta a areia
mas o que posso fazer?
Tão fraco a essas tentações,
volto a sonhar.
E ela está lá novamente.
Acordo.
Tudo mudou e
só eu continuo igual.
Sonho novamente
mas, desta vez,
não consigo acordar.