terça-feira, 20 de novembro de 2007

Amor e Lembrança Infinita.

Andando em direção a minha casa deparei-me com uma cena muito comum:
um belo casal, aparentemente de mesma idade. Eles se abraçavam e contavam segredos um para o outro. Parei e perguntei a um deles há quanto tempo eles já estavam juntos, "dois meses" foi a resposta. Dei as costas e ouvi a seguinte frase:
Nossa, como eu te amo.
Continuei meu caminho com aqueles dizeres em minha mente. Pus-me a pensar qual seria o destino daquele casal que se conhecia a tão pouco tempo e já diziam coisa tão profundas entre si. Será que eles sabiam o seguinificado daquelas palavras? Não, é claro que não, foi o que veio em minha cabeça.
Continuei a pensar sobre o amor, o pobre e banalizado amor. Na boca das pessoas mais banais que já chamaram ao longo de suas patéticas existencias centenas de pessoas de: meu amor.
Conversando com um pequeno grupo de meninas sobre isso, ouvi a seguinte frase: o amor é infinito. Peguei minhas coisas e sai rapidamente para não passa-lá uma má impressão com os risos que daria. Como pode alguém dizer que o amor é infinito? Classificar algo como infinito é expor aos outro uma falta de capacidade de delinear, dar limites as coisas, é admitir a própria ignorância sobre um tema. Quantas pessoas se casam e se separam? Quantos relacionamentos perdidos?
No amor não há lógica, ele tem que ser aproveitado enquanto durar, depois, com o passar dos anos, ele será só mais uma lembrança.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

O Bilhetinho Azul.

Nascem às flores, tão belas, os pássaros cantam como nunca, a vida arde, ferve e a esperança reaparece. Na primavera tudo parece belo e hoje é meu aniversario.
Acordo pela manhã, olho pela janela, o sol ilumina meu ombro, sinto-me feliz, estranhamente feliz. Abro um sorriso.
Levanto-me e ando pelos corredores de minha casa a procura de minha mulher, com o objetivo de me desculpar pelo dia anterior, mas não a encontro em lugar algum. Reparo sobre a mesa um pequeno bilhete, um bilhetinho azul. Minhas pernas bambeiam, sinto cala-frios. Passam pela minha cabeça as centenas de coisa que poderiam estar escritas ali. Fico paralisado, temeroso. Pensei em tudo o que havíamos feito juntos e em como ela era especial.
Conhecemos-nos jovens, doze ou treze anos atrás, éramos grandes amigos e conversávamos sobre muitas coisas, nos dávamos muito bem. Certa vez fomos acampar com um grupo de amigos, lembro-me como se fosse hoje, havia tomado coragem e lhe daria flores, abriria o coração. Ao anoitecer enquanto todos estavam em frente à fogueira chamei-a e disse tudo o que havia planejado, e ela me beijou, desde então nunca mais nos separamos, uma elo havia se formado, gostávamos das mesmas coisas, éramos uma só mente e espíritos em corpos diferentes e, mesmo assim, nunca caímos na armadilha do cotidiano.
Nas últimas semanas nos afastamos, conversávamos pouco e quase não nos víamos. No dia anterior, depois de uma discussão ela saiu de casa e, logo em seguida, a vi conversando com um estranho, não o conhecia, mas, já o odiava. Será que ela faria isso por uma única discussão? Toda uma vida para em um único dia tudo acabar?
Agora aquela alegria já não existia, uma escuridão, ao que parece provida de vida própria, tomara conta de mim, as paredes pareciam me apertar. O fogo se alastrava e, parado, sentia uma dor mortal, minha mente se separando de meu corpo. Já não existia mais.
Gritos, choro e espanto e no meio de tudo isso um bombeiro acha um pequenino bilhete azul, intacto, que dizia: "Beijo amor fui comprar seu bolo".