sábado, 16 de agosto de 2008

O Desespero Humano

A clava que adentra rápida e fria
mas não penetra a carne,
o que jorra é espírito, a alma.
Clava fugaz e imperdoável,
queima os corações implacável.
A noite está escura e escuto uma voz que me
convoca, ríspida e baixa.
Vou até lá.
Tudo tão escuto e sombrio,
um cão começa a me caçar,
negro, feroz,
olhos vermelhos incandecentes,
sinto seu ódio.
Corro desesperado,
grito de dor,
olho seu dentes em mim atracados.
Encarniçado arrancanca minha carne à
mardidas.
Imagino-me em um grande quarto trancado,
sem ter para onde fugir e grito, grito, sinto medo
e me agrido contra as paredes,
uma de minhas unhas quebra inteira e cai no chão.
As paredes começam a se modelar,
derretem e aparecem coloridas,
disformes, olhos enormes sobre mim.
Começo a despedaçar,
minha alma se desgruda de mim,
vejo um cheiro, e tudo se queima,
o vermelho do sangue entra em meus olhos e vejo
aquilo que não mais queria ver.
Atraco minhas afiadas em meus olhos e os arranco,
estou com uma camisa de força em um caixão.
Meu grito não sai mas que um sussuro,
já não vejo minha voz.
Tudo queima,
delira,
arde,
vibra,
a loucura,
a insanidade.
Bolas de fogo no céu negro,
fogo no chão,
abro os olhos e respiro o ar insanidade.
O cão ainda me ataca,
sangro,
ele se vai.
Fico estirado no chão,
tenho fome.
Arrasto-me ao banco mais próximo,
e vejo passando a miha frente um gato,
um gato leproso que se trança em minhas pernas,
a ossos expostos e lambe meu sangue, o agarro,
ele não tem uma das orelhas e seus pelos são mal distribuídos,
seguro-o firme e cravo meus dentes afiados bem nabarriga,
tiro suas tripas ensanguentadas a dentes,
e depois como sua orelha,
e patas,
e olhos,
e por último seu pescoço.
Já não sei o que sou,
mas quem sabe?

Trin, Trin, Trin

Acordo pela manhã ao som de um despertador
e sigo para o trabalho.

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